Quarta, 20 Janeiro 2010

Relatório da Unesco aponta piora na educação do Brasil

O alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que o Brasil conquistou há dois anos não chegou à educação. O relatório Educação para Todos, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) mostra que a baixa qualidade do ensino nas escolas brasileiras ainda deixa milhares de crianças para trás e é diretamente responsável por manter o País na 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), atrás de países mais pobres como Paraguai, Equador e Bolívia.

Dos quatro dados que a Unesco usa para montar o IDE, em três o Brasil vai bem e tem resultados acima de 0,900 - o mínimo para ser considerado de alto desenvolvimento educacional. São bons os números de atendimento universal, analfabetismo e igualdade de acesso à escola entre meninos e meninas. Já quando se analisa o índice que calcula quantas das crianças que entraram na 1ª série do ensino fundamental conseguiram terminar a 5ª série, o País despenca para 0,756, um baixo IDE.

Mais do que isso, a situação brasileira teria piorado. Apesar de se referir a 2010, o relatório usa dados de 2007, ano em que há números comparáveis fechados para os 128 países que fazem parte do relatório. No ano anterior, que usou dados de 2005, o índice brasileiro havia sido 0,901. A queda, explica a Unesco, se deve, na sua maioria, a uma piora na “taxa de sobrevivência até a 5ª série”, além de uma pequena queda na matrícula universal de crianças em idade escolar. De acordo com Nicole Bella, Analista de Políticas da Unesco em Paris e uma das responsáveis pelo relatório, o Brasil perdeu pontos porque a matrícula caiu de 95,6% em 2005 para 93,5% em 2007 e a taxa de sobrevivência de 80,5% para 75,6% no período.

Reprovação
“A reprovação e a retenção escolar permanecem um tema importante no Brasil, onde muitas crianças que têm acesso à escola abandonam antes de completar os estudos. Esse problema, assim como qualidade da educação em geral, que se mantém bastante ruim, atrapalha o progresso geral do País e baixa o IDE brasileiro”, disse Nicole.
O gargalo da 5ª série do ensino fundamental no Brasil é conhecido. A retenção escolar faz com que boa parte das crianças deixe a escola muito antes de completar os nove anos iniciais de estudo, muito menos o ensino médio. A dificuldade de aprendizagem que leva à reprovação pode ter várias causas essenciais para o ensino (veja quadro acima), como aponta a Unesco.

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Fatores
O relatório aponta três fatores que influenciam diretamente no resultado das crianças e na permanência na escola: a necessidade de identificar ainda nos primeiros anos de escolaridade o quanto a criança está aprendendo e tomar medidas para melhorar onde há problemas; ter escolas com um mínimo de infraestrutura física e um bom ambiente escolar; um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas seja de aprendizagem efetiva. Em nenhum deles o Brasil pode servir de exemplo.

Fonte: Jornal do Tocantins