Sexta, 26 Agosto 2022

Banheiro seco e BETs serão inaugurados em Taquarussu Grande

Banheiro seco e BETs serão inaugurados em Taquarussu Grande

A construção do banheiro seco teve a participação das crianças e adolescentes da escola.

Neste sábado e na próxima sexta-feira, (27 agosto e 02 de agosto), acontecerão a inauguração do banheiro seco, na escola Municipal Professor Fidêncio Bogo, e das bacias de evapotranspiração as construções foram feitas em Taquarussu Grande, na zonra rural de Palmas. Obras de saneamento sustentável, o banheiro seco e Bacias foram feitos por meio do projeto Mais Participação e Agroecologia, desenvolvido pelo Centro de Defesa das Crianças e Adolescentes - Cedeca Glória de Ivone, em parceria com a escola Professor Fidêncio Bogo e com o Ecocentro Sabiá.
As bacias de evapotranspiração, também chamadas de BETs, serão inauguradas em uma caminhada até às casas que receberam as construções. Já a inauguração do banheiro seco inclui público maior, além da equipe do Cedeca participarão as crianças e adolescentes da escola, sua diretoria e o membro do Ecocentro Sabiá, Denis Marguera. Nos eventos serão entregues placas certificando as ações e serão feitos um diálogo relembrando como o banheiro e as BETs funcionam.
Coordenadora do Projeto, Bárbara Xavier relata a importância do momento de inauguração: “O evento dá visibilidade para as tecnologias sociais que promovem o acesso a direitos, como é o caso da bacia de evapotranspiração para o saneamento básico e do banheiro seco para a preservação da água. A construção dessas tecnologias para nós, significam o exercício do paradigma do cuidado, consigo, com o outro/a, e com o meio”.
A assistente social ressalta como é significativo promover ferramentas acessíveis à todas as comunidades: “São tecnologias que podem ser feitas pelas próprias pessoas para suprir suas necessidades básicas com autonomia e respeito à natureza".
Construir o banheiro seco não foi uma ação isolada, o início da construção aconteceu em meio a semana do meio ambiente desenvolvida na escola, os(as) estudantes do 3º ao 9º ano participaram da preparação da massa e produção dos tijolos, feitos com adobe, material que inclui terra crua, água e palha. Em meio a produção, Dennis Marguera e a equipe do Ecocentro desenvolveram reflexões sobre os impactos ambientais dos materiais construtivos industrializados e dos riscos de substituir os saberes tradicionais por apenas uma forma única de construir. O bioconstrutor acredita que valorizar os saberes populares em torno das construções é uma forma de ajudar o meio ambiente e de melhorar a relação de crianças e adolescentes consigo mesmas e com suas comunidades.
“Muitas delas vivem em casas de terra e já participaram da produção de adobe e processos construtivos dos seus lares, revalorizar e ressignificar essa experiência de autonomia é um ato de resistência frente a aculturação que a sociedade tenta nos impor com a desvalorização desses saberes tradicionais.” expõe Dennis Marguera.
As bacias de evapotranspiração também foram levantadas em meio a comunidade, homens e mulheres aprenderam como replicar as técnicas usadas.
A arquiteta e urbanista Leticia Grappi foi a responsável por fazer o projeto arquitetônico do banheiro seco, nas redes sociais a profissional contou como ele foi pensado: “O banheiro seco não necessita de água para transportar os dejetos. Optamos por fazer o tipo Bason, para que não haja a necessidade de transporte do composto, de modo que ele passa por tratamento no próprio compartimento.”
Até o uso da água para higienização das mãos foi refletido, a arquiteta explica que nesse caso será usada a da chuva que a construção irá captar e armazenar. Além de economizar água, o banheiro seco, assim como as BETs, previnem a poluição do solo e do lençol freático, já que todos os resíduos viram adubo para as plantas.

Veja a Galeria de fotos mostrando a construção do banheiro seco.

Assessores Populares socioambientais

Além da construção do banheiro seco, foi realizado na escola Professor Fidêncio Bogo um curso para formação de assessores populares ambientais adolescentes, à formaçãoincluiu conceitos de direitos humanos, com foco nos direitos de crianças e adolescente, ecologia, permacultura, participação social e, também, o paradigma do cuidado.
Uma das educandas da formação, Manuela, de 12 anos, conta que achou o curso e o banheiro “muito legais e interessantes”.
Já nas comunidades rurais o curso foi replicado com adultos que aprenderam formas de saneamento sustentável e direitos de meninas e meninos. Um dos participantes, Miguel da Silva contou estar muito satisfeito com a formação e chegou a desejar que ela tivesse acontecido antes.

Karina Custódio/Assessora de comunicação do Cedeca