Em vídeo e podcast adolescentes falam sobre direito à educação

Mais de dez adolescentes, de oito cidades diferentes do Tocantins, explicam as condições de ensino oferecidas em suas escolas, os relatos sobre direito à educação fazem parte de um dos vídeos e podcasts produzidos no Projeto Conecta Vozes realizado pelo Centro de Defesa dos Direitos da criança e do Adolescente - Cedeca Glória de Ivone.

Com 15 anos, Hevelyn Myllena estuda no Colégio estadual Justino de Almeida, na cidade de Taguatinga, no interior do Tocantins, no vídeo, produzido por ela e mais dois membros da Rede de Comunicadores/as, a adolescente tece elogios a escola que faz parte. Hevelyn conta porque é indispensável que meninos e meninas falem sobre direito à educação.
“Na minha opinião é algo que nos acrescenta bastante. Na nossa caminhada é de grande importância termos conhecimentos dos nossos direitos.”

Pesquisadora na área de educação há quase trinta anos, a professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Maria José de Pinho, assegura que integrar adolescentes contribui para excelência da prestação desse direito.
“Defendo que os adolescentes devem ser incluídos no debate sobre o direito à educação, uma vez que lutamos por uma escola pública e de qualidade para todos, pois, assim estaremos garantindo a igualdade de oportunidades a todos os brasileiros(as)”

Nas produções, os meninos e meninas fazem diversas críticas ao ensino recebido, Luiz Felipe, estudante da Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima, no município de Natividade, destaca a alimentação fornecida por sua escola, mas reclama da falta de assuntos importantes na grade curricular.

Luiz Felipe também participou da produção dos vídeos sobre saúde mental e direito à participação.

“Eu queria que nas escolas falassem mais sobre os indígenas, percebe-se que falam deles só início da colonização do Brasil, falam que eles deram o Brasil aos Portugueses, mas no passado eles sofriam muito, eles morriam ou eram escravizados pelos portugueses”.

No podcast sobre o mesmo tema os meninos e meninas também compartilharam críticas e desejos sobre suas escolas, Jacinto Pereira, de 15 anos, estuda na Escola Estadual Batista professora Ana Beatriz Rodrigues, no município de Tocantínia e fala sobre à infraestrutura de sua escola.

“A minha escola, acho que o único ponto negativo que eu pude observar foi à falta de estrutura, nas salas de aula sabe? As paredes com rachaduras, algumas cadeiras quebradas, aquela escola que necessita de uma reforma”

Processo de produção

Os 12 podcasts e 13 vídeos produzidos pelos/as adolescentes da Rede de Comunicadores/as foram feitos em uma capacitação online realizada de março a outubro de 2022. Entre os/as educadores está o jornalista Philipe Ramos, que foi responsável pela capacitação de áudio dos meninos e meninas, ele descreve como foi o processo.

“Eu tive à oportunidade de ensinar a eles e elas todo o processo de construção de um podcast, desde pauta, escolha de assuntos, apuração, roteiro, gravação, edição, a gente trabalhou tudo isso”.

Facilitador do curso, Philipe Ramos, jornalista e produtor dos podcasts BFNS e Rumaiai

Apresentadora do podcast sobre direito à educação, Ana Clara Martins expressa o que achou da experiência: “Eu amei entrevistar meus colegas, porque todos nós interagimos juntinhos e dividimos opiniões”.

Educação no Tocantins

O Tocantins é o sétimo pior estado quando se olha para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais do ensino fundamental. O dado do Censo Escolar de 2021 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) revela que de 2017 a 2021 o desempenho do Tocantins na avaliação caiu de 5,6, para 5,3, o Ideb é calculado com base no desempenho nas provas de matemática e português e na taxa de aprovação.

Taxa de distorção idade‐série por etapas dos ensinos fundamental e médio segundo o sexo – tocantins – 2020 fonte: elaborado por deed/inep com base nos dados do censo da educação básica

Os resultados ruins se repetem quando se olha para a taxa de distorção idade/série que é particularmente alta entre adolescentes do sexo masculino no ensino médio, como mostra o gráfico acima a taxa chega a 38,2% no primeiro ano.