Segunda, 19 Abril 2010

90% de desaparecimentos são fugas de casa, afirma delegada

Psicóloga acredita que motivo é o desajuste familiar e a falta de responsabilidade dos pais na criação dos filhos

Cento e nove crianças e adolescentes entre 0 a 17 anos foram registradas como desaparecidas no ano de 2009 no Estado, dos quais 71 foram localizados. Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). No entanto, conforme a delegada de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), Edissonina Alves da Silva, a maioria dos casos está relacionada a adolescentes que fogem de casa. “Esse número não é alarmante porque 90% desses casos são fugas. Outro dia, por exemplo, tivemos o caso de uma criança que fugiu de casa porque não queria ir para escola”.

A delegada atribui as fugas como resultado do desajuste familiar. “Geralmente eles fogem por atrito entre pais e filhos entre madrastas e padrastos e também por casos de violência domiciliar e de abuso sexual, e até mesmo por limites que os pais impõe, que não são aceitos pelos filhos”.

De acordo com a psicóloga Maria Verônica de Medeiros, este fato aponta um grande problema que a sociedade vivência atualmente, o descaso familiar. “A fuga é um refúgio do adolescente, resultado dos problemas gerados muitas vezes pelo descaso do ambiente familiar”. Ela pontua ainda a perda do verdadeiro significado da família e a ausência de responsabilidade dos pais na criação dos filhos. “O maior objetivo dos pais tem sido adquirir estabilidade financeira. Eles trocam o tempo e o diálogo com os filhos pelo trabalho e por estudos, isso deixa a criança vulnerável a desenvolver vários problemas”.

CPI
No mês passado, foi realizada uma audiência pública em Palmas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Crianças Desaparecidas, reunindo órgãos competentes, à pedido da deputada federal Nilmar Ruiz. De acordo com Nilmar, a audiência foi motivada pelos dados elevados de desaparecimentos apresentados no Estado. Na ocasião, as fugas foram apresentadas como o maior motivo de desaparecimento.

A deputada apontou também a BR-153 como um dos agravantes de desaparecimentos de meninas no interior do Estado. “A Belém-Brasília propicia a questão da prostituição juvenil, muitas meninas desaparecem nos caminhões na beira da estrada, conforme dos dados da SSP cerca de 50% delas não voltam”.

Números

Crianças e adolescentes
0 a 17 anos
Palmas

Desaparecidas
Sexo: Feminino 20 / Masculino 15
Localizados
Sexo: Feminino 19 / Masculino 10

Interior do Estado

Desaparecidas
Sexo: Feminino 47 / Masculino 27
Localizados
Sexo: Feminino 28 / Masculino 14

Fonte: Jornal do Tocantins