Segunda, 03 Mai 2010

Cresce número de homicídios entre jovens

Segundo o mapa da violência 2010, o Tocantins registrou, em 1997, 53 mortes entre pessoas de 15 a 29 anos; em 2007, número saltou para 95

Em 10 anos, o número de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos saltou de 53 em 1997 para 95 em 2007, registrando um aumento de 79,2%, no Estado. Só em Palmas, o aumento foi ainda maior de 2 homicídios em 1997 para 15 em 2007, um aumento de 650%. Para se ter uma ideia para cada 100 mil habitantes em 1997, a taxa de homicídios no estado nessa faixa etária era 16,8. Em 2007, a taxa subiu para 23,1 homicídios para cada 100 mil habitantes. Os dados estão no Mapa da Violência 2010- Anatomia dos homicídios no Brasil, do Instituto Sangari, divulgados em abril.

O IBGE, em 2007, revelou que o Brasil tinha 49,8 milhões de jovens na faixa de 15 a 29 anos de idade, o que representa 26,5% do total de 189 milhões de habitantes. Mas, segundo o Mapa da Violência, a participação desses jovens na violência homicida excede sua representatividade populacional: nesse ano de 2007, as vítimas de homicídio na faixa de 15 a 29 anos de idade representaram 54,7% do total de homicídios. Além disso, segundo o estudo, e mais preocupante ainda, essa participação vem aumentando ao longo do tempo.

O delegado do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) de Gurupi, no Sul do Estado, Jafet Faustino Oliveira, afirma que esta evolução estaria ligada a uma série de fatores como a falta de emprego, educação e a situação familiar dos jovens envolvidos. Ainda de acordo com o delegado, a maioria destes crimes é cometido por jovens com um perfil decrescente, com nível escolar baixo, incluindo na maioria dos casos, pessoas que não possuem nem mesmo o segundo grau completo, com família desestruturada, sendo alguns casos apresentando envolvimento do acusado com álcool e drogas. “Da mesma forma em que é crescente o número de casos de prisão envolvendo drogas, são crescentes os casos de homicídio. Porque na maioria dos casos um está associado ao outro e a disseminação do crack tem propiciado o desenvolvimento da criminalidade em todos os sentidos”, explica.

Segundo o delegado, o crime sempre existiu e a polícia é uma das instituições mais antigas do mundo. “Mas nem por isso se consegue evitar a criminalidade”, revela, explicando ainda que mesmo com a presença da polícia a criminalidade acontece. “Os crimes, sempre vão ocorrer. Acho que faltam mais investimentos em políticas públicas, principalmente no fator que envolve drogas. O crime não vai acabar. Ele pode aumentar ou diminuir, então que os chefes de governo trabalhem na intenção de diminuir”, conclui.

Crimes que entram para as estatísticas
Diante das estatísticas não é difícil encontrar uma pessoa que perdeu algum membro familiar para este tipo de violência ou até mesmo identificar alguém que conheça um vizinho, amigo ou conhecido que tenha passado por tal situação. No carnaval deste ano em Gurupi, no Sul do Estado, José Willian dos Santos, de 22 anos, foi morto em uma praça no centro da cidade. Um adolescente de 17 anos foi detido pela Polícia Civil acusado de envolvimento no crime, confessando ter matado o jovem, devido um acerto de contas.

Em maio de 2008, a adolescente de 15 anos, Geisiely Rodrigues dos Santos, foi morta depois de ficar por cerca de cinco dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da cidade de Gurupi, no Sul do Estado, depois de ter sido atingida a pauladas pelo tratorista Valmir de Souza, na época com 30 anos, que invadiu a residência da família da adolescente quando ela dormia com a irmã Gabrieli Rodrigues dos Santos, na época com 18 anos, e a mãe Maria Ferreira dos Santos, na época com 45, que também foram espancadas por ele enquanto o pai e o irmão estavam viajando. A mãe e a irmã da vítima foram atendidas no mesmo hospital e conseguiram se recuperar dos ferimentos. O tratorista foi condenado no final de 2008 a 30 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de homicídio contra a vida da adolescente e duas tentativas de homicídio, contra a mãe a irmã da vítima. Casos como estes revelam a situação da criminalidade envolvendo jovens e adolescentes no Estado.(C.M.)

SSP revela redução de assassinatos entre 2008 e 2009
Dados da Secretaria de Segurança Pública revelam queda no número de homicídios praticados por pessoas com idade entre 12 a 29 anos no Tocantins no período de 2008 a 2009. Neste período, o número de homicídios envolvendo essa população caiu em 13,8% no Estado com 123 casos nesta faixa etária cometidos em 2008 contra 106 no ano passado. Nesta mesma faixa etária, foi revelado ainda que o número de homicídios culposos também caiu, sendo que foram registrados dois em 2008 e apenas um em 2009. Em Araguaína, os crimes de natureza dolosa entre pessoas de 12 a 29 anos também caiu, sendo registrados 23 casos em 2008 contra 20 no ano passado. Assim como em Palmas, onde foi registrado um número de 15 crimes em 2008 contra 13 em 2009. Já no Sul do Estado, foram registradas apenas quatro ocorrências envolvendo jovens nesta idade, sendo duas em cada ano.

Para o secretário Estadual de Segurança Pública, Geraldo Donizetti, a redução nos casos de homicídios envolvendo jovens com idades entre 15 e 29 anos, se deve à criação de delegacias especializadas de proteção à criança e ao adolescente nas grandes cidades do Estado, entre outras ações. “Temos intensificado os trabalhos da Segurança Pública, com propagandas em parceria com o Governo do Estado, além de implementar palestras com a presença da Polícia Civil em escolas da rede estadual e criar o Conselho de Segurança em vários municípios tocantinenses e isso tem gerado resultados positivos”, frisou. (C.M.)

Índice de mortes cresce em todas faixas etárias
Gurupi - Correspondente -O número de homicídios dolosos, quando há intenção de matar, em todas as faixas etárias também cresceu no Estado, entre os anos de 2008 e 2009 em 10,5%, saltando de 219 ocorrências em 2008 para 242 em 2009, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública. O município de Araguaína, no Norte, aparece como o líder das estatísticas no Estado com crescimento de 50% no número de registros pelo mesmo tipo de crime, com 54 casos registrados no ano passado contra 36 em 2008. A cidade de Gurupi, na região Sul do Estado, aparece em último lugar com apenas quatro ocorrências registradas em 2008, repetindo os mesmos dados no ano seguinte. Palmas registrou aumento de 23,7% em um ano no número de casos, saltando de 26 em 2008 para 32 no ano passado.

A mesma estatística revelada pela SSP mostra que nos casos de homicídios culposos, quando não há intenção de matar, houve um pequeno crescimento entre os anos de 2008 e 2009, já que em 2008 foram registrados 7 casos contra 8 em 2009. Nas cidades de Araguaína e Gurupi, não foram registradas ocorrências desta natureza, como informou a SSP, enquanto em Palmas em um ano foram confirmados 4 homicídios desta natureza.

O secretário Estadual de Segurança Pública, Geraldo Donizetti, afirmou que algumas medidas estão sendo tomadas para reduzir também este índice. Para Donizetti, assim como cresce a população, cresce também a violência. Mas segundo o secretário, Araguaína é um caso específico, por ser um grande centro no Norte do Estado, está em contato direto com os Estados do Pará, Maranhão e Piauí. “Isso acaba influenciando no alto índice de casos naquela cidade. Mas, já estamos providenciando a instalação de um departamento de homicídios dentro da DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) para intensificarmos ainda mais os trabalhos da polícia no local”, frisou, informando ainda que acredita que a maioria dos casos possui influência da cidade de Imperatriz (MA). (C.M.)

Fonte: Jornal do Tocantins